sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Documento elaborado no EADA prevê Projeto África 2063

África 2063: Luiz Alberto entrega à União Africana documento elaborado no EADA
Postado em 28/01/2014| 15:04

 
Em Adis Abeba, Etiópia, o deputado federal Luiz Alberto (PT/BA) entregou à presidenta da União Africana (UA), Nkosazana Dlamini Zuma, e a Carlos Lopes, secretário-Executivo da Comissão Econômica das Nações Unidas para a África, juntamente com o governador da Bahia, Jaques Wagner, documento elaborado durante o Encontro África e a Diáspora Africana (EADA), realizado em novembro do ano passado, em Costa do Sauípe, na Bahia, como proposta para a formulação da ‘Agenda África 2063’, nesta terça-feira, 28 de janeiro, durante a Conferência do Conselho Executivo da UA.
Luiz Alberto e Carlos Lopes, em Adis Abeba | Foto: Economic Commission for Africa
Luiz Alberto e Carlos Lopes, em Adis Abeba | Foto: Economic Commission for Africa
O documento entregue à UA foi constituído por um grupo de trabalho coordenado por Luiz Alberto, durante o EADA, composto por representantes de todos os países da Diáspora Africana. A intenção é contribuir para a Agenda África 2063, para o fortalecimento da 6ª Região e para as metas que visam o desenvolvimento do continente africano, estabelecidos no cinquentenário da UA. “Isso vai contribuir para o Renascimento Africano”, disse o parlamentar.
“Embora subsistam desafios significativos para a África atingir o seu pleno potencial, ela surge no século XXI como um continente de esperança e oportunidade com base em vastos recursos naturais, diversidade populacional e desenvolvimento institucional significativo”, destaca trecho do documento.
Abertura da Conferência da UA  | Foto: Economic Commission for Africa
Abertura da Conferência da UA, com as presenças da presidenta Dlamini Zuma e de Carlos Lopes | Foto: Economic Commission for Africa
Luiz Alberto também informou a Dlamini Zuma e a Carlos Lopes da convocação para o Fórum da Diáspora Africana 2015 e solicitou que eles indiquem representantes para este encontro, que terá representação dos países da Diáspora.
Luiz Alberto, a embaixadora da Etiópia no Brasil, Isabel heyvart, e Carlos Lopes
Luiz Alberto, a embaixadora da Etiópia no Brasil, Isabel heyvart, e Carlos Lopes | Foto: Economic Commission for Africa  
A abertura da Conferência do Conselho Executivo da UA ocorreu na segunda-feira (27) e desde então Luiz Alberto tem participado de reuniões bilaterais com o Conselho Executivo da União Africana.

Movimentos sociais protestam contra a violência policial

Movimentos sociais protestam contra a violência policial

Movimentos sociais estão fazendo na tarde de hoje (31) um protesto contra a violência da repressão policial à manifestação do último final da semana na capital paulista. Na ocasião, um dos participantes do ato – convocado contra os gastos públicos na organização da Copa do Mundo – foi ferido com dois tiros efetuados por policiais militares. O grupo se concentrou em frente ao Theatro Municipal, na região central da cidade, e seguiu em passeata em direção à Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo. No momento, os manifestantes estão em frente ao órgão. A polícia faz um cordão de isolamento, e interditou rua. O ato é pacífico. Os manifestantes portam cartazes e faixas. Eles gritam palavras de ordem contra a violência da polícia e também contra a realização da Copa do Mundo no Brasil. A maior parte participa do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). A militante Ataíse Ursolina reclama do desrespeito da polícia em relação a população pobre. “Nós estamos lutando contra a falta de segurança nas ruas. E quando tem segurança, eles não têm respeito. Atiram contra o trabalhador para depois perguntar quem era”, disse. Vitor Araujo, que faz parte do coletivo Se Não Tiver Direito Não Vai Ter Copa, perdeu um olho na manifestação do último Sete de Setembro, ao ser atingido por uma bomba de gás atirada pela polícia. Ele defende a moderação no uso de armas não letais nas manifestações. “A gente também está na briga para que as armas não letais não sejam usadas nas manifestações. A brutalidade da PM mostra que ela não está preparada para lidar com nenhum tipo de manifestação”, disse o militante. Ele move uma ação contra o estado em razão da sequela.

Brasil ganhou 1,84 mi de empresas em 2013, diz Serasa

Brasil ganhou 1,84 mi de empresas em 2013, diz Serasa

No ano passado 1,84 milhão de empresas foram criadas no Brasil, informou a Serasa Experian, nesta sexta-feira, 31. O número é 8,8% superior ao registrado em 2012, quando 1,69 milhão de empreendimentos foram abertos. Segundo o levantamento, 68,2% dos negócios surgidos em 2013 são da categoria de Microempreendedores Individuais (MEIs), 14,1%, de Sociedades Limitadas, 11,9%, de Empresas Individuais e 5,8%, de outras naturezas jurídicas. No que se refere à distribuição por regiões, o Sudeste registrou o maior número de empresas abertas de janeiro a dezembro de 2013 (50,6% do total), seguido pelo Nordeste (18,4%), Sul (16,2%), Centro-Oeste (9,4%) e Norte (5,4%). O setor de serviços continua atraindo a maior quantidade de novos empreendimentos no Brasil. Em 2013, 1,05 milhão de companhias criadas são do setor de serviços, o equivalente a 57,2% do total. Também surgiram 605 mil empresas comerciais (32,9% do total) e, no setor industrial, foram abertas 149 mil companhias (8,1% do total).

ENCONTRO ÁFRICA E DIASPORA AFRICANA


“ENCONTRO ÁFRICA E DIÁSPORA AFRICANA”

Senhoras e Senhores, boa noite, a partir de agora estaremos dando inicio a abertura oficial do Encontro África e Diáspora Africana Oportunidades para o desenvolvimento do Continente.

Em nome do Comitê Organizador da Câmara dos Deputados, formado pela Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional a Frente Parlamentar Mista pela Igualdade Racial em Defesa dos Quilombolas, das lideranças do movimento social aqui representada de todos os parceiros, patrocinadores e apoiadores do “Encontro África e Diáspora Africana: Oportunidade para o Desenvolvimento do Continente” saúdo os presentes e os convido a assumir um compromisso histórico de transformar esta iniciativa num marco definitivo da trajetória de afirmação existencial e civilizatória da presença negra na sociedade brasileira.

No jubileu de ouro da União Africana, evento ocorrido em Adis Abeba em maio deste ano, assumimos o compromisso público para a realização do “ENCONTRO ÁFRICA E DIÁSPORA AFRICANA” como uma forma de contribuição efetiva do Brasil e dos países da América que compõem a Diáspora Africana de cumprir o seu papel na MATERIALIZAÇÃO do “Projeto África Visão 2063” visando “construir uma África integrada, próspera e pacífica, liderada e gerida pelos seus próprios cidadãos e representando uma força dinâmica na arena internacional”.

A importância histórica desta iniciativa pode ser dimensionada em diversos planos. Nesta abertura das atividades, quero destacar a radicalização da ousadia democratizante que as iniciativas protagonizadas pelo povo negro têm demonstrado, no decorrer dos cinco séculos de formação inconclusa da identidade nacional e da sociedade brasileira. É nesta magnitude que situo a realização do “ENCONTRO ÁFRICA E DIÁSPORA AFRICANA – oportunidades para o desenvolvimento do continente”.

Um marco tão relevante quanto a formação dos quilombos, a engenhosa constituição da capoeira, a estratégica reconstrução política, civilizacional e espiritual das religiosidades de matrizes africanas, a mobilização popular do abolicionismo radical de Luiz Gama, a organização política exemplar da combativa Frente Negra Brasileira, o revolucionário Teatro Experimental do Negro, a reconstrução contemporânea da identidade negra reafirmada pela criação do Ilê Aiyê, a afirmação pelo Movimento Negro do 20 de novembro como dia nacional da Consciência Negra, a conquista pelo povo negro das iniciais políticas de ações afirmativas e promoção da igualdade racial, a articulação nacional de pesquisadores negros e negras, etc.

A relevância estratégica desta iniciativa se afirma, também, pela reapropriação daqueles instrumentos e formas culturais usurpadas pela monocultura europeia, impregnada de etnocentrismo, de fraude histórica e de negação da alteridade-diversidade. Refiro-me à produção escrita. Inobstante o domínio milenar da escrita por povos e civilizações africanas – que só para ilustrar podemos citar os hieróglifos egípcios, a escrita ideográfica dos Akan-Ashanti, representada pelos símbolos adinkra, dos quais entre nós é bastante conhecido o sankofa; a escrita nsibidi, dos povos do sudoeste do Camarões Sudeste da Nigéria, a escrita tsona ou sona, utilizadas por povos bantus de Angola e Zâmbia – mesmo assim, uma das principais fraudes históricas produzidas pelo eurocentrismo tem sido a negação da capacidade de expressão escrita dos registros existenciais dos povos negros na diáspora.

 

Daí o significado estratégico da 2ª FEAFRO – Feira Internacional de Negócios compondo o “ENCONTRO ÁFRICA E DIÁSPORA AFRICANA”, que tem por objetivo estabelecer relações comerciais e econômicas entre Brasil, África e Diáspora Africana. Trata-se de aperfeiçoar a desmistificação já realizada secularmente em nossa sociedade por mulheres negras e homens negros que, mesmo contra todos os obstáculos, produzem poesia, romance, ciência, jornalismo, filosofia, economia, conhecimento religioso, etc.

Não se trata, aqui, de inventar a roda. Trata-se de colocá-la para girar velozmente na direção por nós escolhida. Assegurar espaço, visibilidade, reconhecimento e estruturar as condições de democratizar o acesso às ricas fontes civilizacionais retratadas pela produção intelectual negra na África e Diáspora.

A partir do lançamento oficial do “Projeto África Visão 2063”, e do que ele pode desencadear, superaremos definitivamente o tratamento minorizador e discriminatório reservado às expressões civilizatórias de matrizes africanas em nossa sociedade. Rejeitaremos o epistemicídio sistemático realizado por universidades e institutos de pesquisa brasileiros e internacionais. Não há mais lugar para falarem por nós, como ainda insistem intelectuais e acadêmicos que buscam perigosas reinvenções da farsa da democracia racial, resistindo às políticas afirmativas de promoção da igualdade racial. Não há mais lugar para reduzirem nosso sofisticado acervo civilizatório a expressões folclóricas.

 

Sem prejuízo da manutenção de formas tradicionais de expressão intelectual, como a literatura oral e a mito-poesia de tradição africana, avançaremos para consolidar a produção e publicação literária e a circulação das ideias, da ficção, da ciência, dos valores estéticos, éticos e políticos do povo negro.

Portanto, resgatando nossos históricos enfrentamentos neste terreno, dedicamos esta EXPERIENCIA a alguns personagens fundamentais, que construíram as condições para estarmos aqui, hoje, celebrando e conquistando novos territórios:

A primeira homenagem deve-se ao Senhor Cheik Anta Diop, futurista, cientista e pesquisador. Conceituador do  pan-africanismo, Graças a ele Os africanos reconhecem que o desenvolvimento é uma obrigação que necessita encontrar atalhos e utilizar a velocidade necessária para reduzir as lacunas históricas. Nós compreendemos que a condição preliminar para assegurar essa agenda é a unidade política da África e a cooperação solidária com a sua diáspora.

A segunda homenagem vai para Kwame Nkrumah – presidente de Ghana que retoma a moderna ideia de uma África forte em um Futuro próximo, e de uma União Africana melhor articulada e prospera.

Queremos fazer, também, outros registros relevantes: homenagear a quase centenária trajetória política e intelectual de Abdias do Nascimento, com mais de 20 livros publicados, e uma inestimável contribuição política à sociedade brasileira. Homenageamos, também, os Cadernos Negros, publicados há 36 anos, divulgando escritores negros contemporâneos, sob a direção do Quilombo hoje Literatura. Homenageamos por fim a memória do poeta Oliveira Silveira, recentemente falecido, autor da proposta de celebração do 20 de novembro como data do povo negro brasileiro.

 

África e Diáspora Africana a saída é o futuro...

 

Que sejam proveitosos nossos trabalhos.

 

Samuel Azevedo

 Gerente de Relações Institucionais do DEPIR – Departamento de Promoção da Igualdade Étnico Racial do Município de São Francisco do Conde – Bahia